
O Agenda Cultural de Teresina conta agora com Monteiro Júnior, escritor, cineasta e crítico de cinema de Teresina. Monteiro tem publicações em jornais e sites da capital piauiense, e o Agendathe é agora o mais novo espaço a receber seus textos semanais com avaliações sobre os mais recentes lançamentos da indústria cinematográfica.
Em sua estreia, na coluna intitulada "Cine Doroteu", Monteiro Jr. analisa o filme Capitão Phillips:
CAPITÃO PHILLIPS
[Captain Phillips, EUA, 2013]
Suspense - 134 min
Um filme tenso, pulsante, não alienado, com excelente direção de Paul Greengrass nos transferindo toda a angústia de Tom Hanks. Aos desavisados, trata-se da história real de como o norte-americano Richard Phillips viu o cargueiro que comandava, o MV Maersk Alabama, ficar a mercê de piratas somálios em abril de 2009.
Baseado no livro "A Captain's Duty: Somali Pirates, Navy SEALS, and Dangerous Days at Sea", escrito por Philips junto com Stephan Talty, o roteiro de Billy Ray [“Quebra de Confiança”, “Intrigas de Estado”] já começa interessante ao alternar a apresentação do capitão com a de seus futuros sequestradores. Assim, evita-se o maniqueísmo confortável às produções hollywoodianas, pois vemos as motivações do outro lado e, mesmo sem concordar com elas, uma ligação é criada com os personagens, o que será primordial no decorrer da narrativa. Também é uma escolha corajosa, pois a produção não se furta de fazer críticas pontuais aos Estados Unidos, quase como se aquela situação fosse consequência da política imperialista do tio Sam.
Na primeira parte do filme, o que temos é um astuto jogo de estratégias entre o protagonista e os piratas, no qual a narrativa nos permite acompanhar o movimento de ambas as partes com igual interesse. Além do mais, estabelece a dinâmica que será crucial na segunda parte, quando Philllips se deixará ser sequestrado, com a ação se concentrando dentro de um baleeiro. A partir daí, o que experimentamos é o aumento gradativo de uma tensão que chegará à beira do insuportável.
O responsável por isso é o britânico Paul Greengrass, que fizera algo parecido em “Voo United 93” e caiu nas graças do público com “A Supremacia Bourne” e “O Ultimato Bourne” e da crítica com “Domingo Sangrento”. Definitivamente, é um nome com pedigree, e aqui não ousa decepcionar. Sua câmera documental e sempre na altura dos personagens nos coloca em cena, no centro do conflito, como se estivéssemos ali, o que torna difícil ficarmos quietos na poltrona. Fora a habilidade que possui em trabalhar plano/contraplano e a montagem para dilatar a tensão ao máximo.
É o que faz nos minutos mais angustiantes no baleeiro, e não por acaso compreendemos quando o capitão implora aos membros da SEALS [a tropa de elite da Marinha dos EUA] para acabarem com aquilo de qualquer jeito. Muitos estão elogiando a atuação de Tom Hanks; de fato, ele sai do piloto automático e entrega uma de suas performances mais “vivas” em anos. Sempre sério e linha dura com a tripulação, basta uma sutil mudança em sua feição para temermos o que está por vir. Sua cena final é absolutamente comovente, a qual fica ainda melhor pelo fato de ter sido improvisada. Assim como a nossa aparente calma durante os créditos finais.
Monteiro Jr.
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