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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

NOTA: Cancelamento de 60% do FestLuso - Festival de Teatro Lusófono

O Agenda Cultural de Teresina não se manifestou a favor de nenhum candidato durante as eleições, e continuará sem se manifestar após as mesmas. Somos apenas um veículo que divulga eventos culturais na capital piauiense, porém nos preocupamos com tudo que se refere a cultura, e esta notícia, que chegou até nós através da assessoria do FestLuso, nos preocupou. No início deste blog havia inclusive um texto na lateral explicando os motivos da criação do mesmo, e entre os motivos, a desvalorização dada a projetos culturais no estado. Mais uma vez, isto pôde ser percebido.

Agenda Cultural de Teresina

O Governo do estado cedeu às pressões da imprensa e concedeu 30% do valor que concederia antes, aqui a notícia:
http://festluso.blogspot.com/2010/11/governo-volta-atras-e-garante-30-do.html

NOTA OFICIAL DA COORDENAÇÃO DO FESTLUSO


O FestLuso, Festival de Teatro Lusófono, nasceu em 2008 depois de mais de 10 anos sendo gestado. A proposta é provocar um intercâmbio continuado entre os 8 palcos lusófonos: Brasil, Angola, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné Bissau e a recém acolhida região da Espanha, Galícia.

Quando a idéia foi lançada, veio a pergunta: por que algo tão grande em uma cidade deslocada do eixo Rio-São Paulo? Simples. Para deslocar o eixo. E muitos tiveram de engolir a seco os ácidos comentários de que tal iniciativa não daria certo quando, em agosto daquele ano, Teresina se tornava palco mundial da lusofonia. A primeira edição contou com 120 convidados de 7 países falantes da Língua Portguesa. Uma vasta programação polarizada em três teatros: 4 de Setembro, João Paulo II e Estação, além de mostra de rua, oficinas, debates e shows.

No ano seguinte, repetia-se o sucesso e o Piauí conseguia firmar lugar na comunidade lusófona com uma grandiosa segunda edição, a mesma que recebeu a atriz Regina Duarte e lançou o livro “O Morto, Os Vivos e o Peixe-Frito”, do escritor angolano e vencedor do prêmio Jabuti Ondjaki.

O terceiro ano tinha tudo para ser ainda maior: o FestLuso teria a oportunidade de sediar o 2º Encontro Internacional Sobre Políticas de Intercâmbio em parceria com a entidade portuguesa Cena Lusófona. Com a data alterada por conta do período eleitoral, o festival foi agendado para novembro, de 15 a 21.

Porém, a noite desta quinta-feira (11) a quatro dias da abertura do evento, uma notícia desestabilizou a equipe do festival. O governo do Estado do Piauí negou qualquer apoio financeiro para a realização do tal. Diante das argumentações dos coordenadores, o governador reeleito Wilson Martins alegou falta de recursos e disse: “Cancelem o festival”.

Sem a participação do Estado, o FestLuso vê-se obrigado a cancelar 60% de sua programação, incluindo espetáculos locais, nacionais, mostra de teatro de rua e shows, nessa conta uma das atrações mais esperadas desta edição, o músico Jorge Mautner.

A burocracia também impediu que uma emenda proposta pelo deputado federal Osmar Júnior (PCdoB) para o festival fosse conveniada a tempo no Ministério da Cultura. Resultado: menos recursos.

Contando apenas com o patrocínio da Oi e da Funarte, o FestLuso receberá os grupos internacionais e manterá o Encontro Internacional. A coordenação lamenta que tenha que abrir mão da grandiosidade de seu festival por conta da desconsideração do governo. Ainda que a cultura seja muitas vezes minimizada em detrimento de “causas maiores”, esses operários insistem que não querem só comida. Eles querem comida, diversão e arte.

1 Comentário

Cosmonature disse...

E mesmo que não seja o objetivo, apoiar ou não qualquer que seja o partido envolvido, o fato ocorrido abre aspas para algo que há muito vem sendo visto sob a sombra da peneira; a falta de apoio à cultura no nosso estado. Não seria isso o que faltava pra que toda a comunidade produtora e consumidora de cultura do estado do Piauí, e principalmente da cidade de Teresina, tomasse coragem de ir às ruas reivindicar melhorias no setor ?
Fica a proposta; Não devemos nos calar diante disto.

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