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quinta-feira, 29 de julho de 2010

'Downloadeando' - 'Samba Bloody Samba', Lado 2 Estéreo

Lembro-me de uma época onde o metal era muito forte em terras mafrenses, mais especificamente no início dos anos 2000. O Elis Regina já tinha fechado mas a cena seguia fortíssima, era incrível. Parece brincadeira falar isso mas poucas cenas eram tão fortes no nordeste quanto o metal daqui, show toda semana, literalmente, as vezes mais de um no sábado, bandas pipocando pelos cantos, dos confins da zona sul até a leste zona nobre de Teresina, com direito a virar parada certa das maiores bandas do gênero tanto do Brasil quanto do mundo. Um tempo em que o Boemia era uma casa underground nos confins do centro e que o Boca da Noite chamava-se 'Quinta Rock' - por questões óbvias era na quinta-feira - na mesma praça Pedro II.

Tempo esse que viu uma das grandes bandas da história do gênero, o Monasterium, acabar dando origem a dois sons totalmente heterogêneos - talvez por causa disso o Monasterium acabou - o Anno Zero, doom metal que lembrava os tempos mais obscuros do Anathema, e o Lado 2 Estéreo, que emprestará um pouco de sua história para minha humilde coluna hoje.

Iniciando em 2001, o 'Lado 2' era um duo formado por Josh S (vocal e guitarra) e Julliano Lima (bateria e afins) se esgueirava, como eles mesmos diziam, de HellHammer a Jackson do Pandeiro, com um muito de Jorge Ben e um tanto de manguebeat, os dois fizeram história na música piauiense em uma época onde quase ninguém dava bola pro som deles por aqui, só que fora os dois jovens iniciavam um trabalho reconhecido mundialmente como inovador. Não deve ter rendido frutos financeiros, mas certamente fez com que no mínimo o ego de ambos se inflasse por conta das críticas quase sempre positivas.

O Lado 2 Estéreo foi talvez a banda piauiense com o maior reconhecimento nacional e internacional, tocaram em praticamente todo o Brasil para públicos de 20 ou 10.000 pessoas. Recife, Salvador, Natal, Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, sem falar que, em certa época, a banda viveu na ponte aérea São Paulo - Europa, mais especificamente em Amsterdã, onde a banda ganhou muitos fãs europeus e um bom reconhecimento. Tocando nas maiores casas de shows do país com bandas como Mundo Livre S/A, Móveis Coloniais de Acaju, chegou ao seu ápice em 2005, quando tocaram no palco principal e abriram os shows do Arcade Fire e Wilco no Tim Festival, ano que também tocaram no mesmo palco Kings of Leon, M.I.A, The Strokes, Kings of Convenience e Morcheeba em outros dias. Vinculados nas maiores rádios do Brasil como Jovem Pam, 89 FM e aparecendo com louvor com o clipe 'Samba Bloody Samba' na MTV e com reportagens na revista Trip, Carta Capital entre diversos zines no Brasil e no mundo.

O 'Samba Bloody Samba', terceiro e último CD da banda (antes eles gravaram um EP intitulado 'Liberation' e o CD de debut 'Sambaque Torto e Outros Ritmos') foi um marco para a música piauiense, sendo considerado um dos 10 melhores discos de 2005 na coluna 'Lado Norte' do Luciano Matos, na revista MTV. Com uma mistura sensacional entre samba, rock, baião, eletrônico, com guitarras, batuques, samples que bebiam do metal ao mangue, mistura vista logo no nome do disco, que mistura a palavra 'samba' a música 'Roots Bloody Roots' do Sepultura - ou será 'Sunday Bloody Sunday' do U2? - e não para por aí, ouvir este disco é quase uma viagem onde você não sabe sequer seu ponto de partida, duvido que algum crítico, por melhor e mais letrado que seja, consiga definir o que significa a música destes dois.

Como público devo ter visto no máximo dois shows do Lado 2 Estéreo, mesmo porque era quase impossível vê-los tocando aqui, mas lembro-me bem de o quanto diferente o som deles era pra época dentro de nossa cidade. Costumo me perguntar até hoje o porquê deles nunca terem um grande valor dentro da música local que hoje é tão banalizada pelo turbilhão de shows cover's que se aglomeram nas 'casas de shows' por aí.

Ouvir 'Lado 2' ainda me dá esperanças de ver a música piauiense reconhecida por outras coisas que não seja apenas gritinhos de um forrozeiro político ou músicas que insistem na rima 'Teresina' com 'Cajuína' do Caetano, me leva a acreditar que talvez mais alguns doidos saiam daqui e ganhem pelo menos o reconhecimento e tenham centenas de milhares de histórias pra contar de uma aventura musical. A banda terminou em 2006 por motivos que não faço a mínia ideia de quais tenham sido, mas ao menos eles crivaram nas pedras da história um nome, mesmo que pequeno, na música piauiense, tão castigada e desmerecida por aí afora.

Deixo aqui o clipe de 'Samba Bloody Samba', clipe que ganhou até uma premiação de melhor clipe eletrônico da Gradiente, vejam e ouçam com atenção:


E, claro, o link do 'Samba Bloody Samba' completinho:


Quem quiser saber mais sobre o Lado 2 Estéreo, vai também o link do site da banda, ainda ativo: http://lado2estereo.com

A quem interessar, meu twitter é http://twitter.com/willameee

4 comentários

Anônimo disse...

Parabéns pela lembrança do Lado 2 Estéreo, uma das melhores bandas piauienses e obrigado pelo link deste CD que não escuto há tempos.

Anônimo disse...

O clipe é em Teresina? Qual a localização específica?

Willame Figueredo disse...

Não, não. Esse clipe foi gravado em São Paulo com um celular. Daí a premiação ser da Gradiente.

Desbravador disse...

Estamos em 2015 e "acabo" de descobrir esse som (na verdade já faz alguns meses) mas hoje que parei pra ouvir e pesquisar sobre. Mas eu digo uma coisa, esse som é porra loka de mais! Muito bom mesmo, infelizmente soube por essa resenha que a banda acabou Organizo uns eventos na cidade de Crato-CE, e estava a fim de traze-los, que pena...

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